Por que tão depressa o chorar e tão lento o amar?
São tantos os mundos teus que admiro perto de mim,
Que a mais tênue possibilidade de realização sem fim
Logo diz que será grande o meu pesar...
Pois mesmo tudo tendo,
Ainda falta você que ando querendo,
Sempre a fugitiva de meu luar...
E então volto mais uma vez ao restante de mim
Pois logo vi que não podia ser assim,
Logo eu,
Te querer,
Sem chorar?
Entretanto,
Sigo por toda a volta
Sem deixar-te escapar,
Ainda que em meus braços ocultos
Apenas ressoe o ar,
Que uma vez tu me deu a respirar...
E arfo de querer amar,
Como podia eu,
Sem esse alegre sonho,
Me acalmar?
Sonhar em querer magoar?
Não!
Não faz parte de meu querer,
Simplesmente não posso ver,
Tornar-se meu gostar num destes simples jogos de azar...
E como poderia deixar-te ir,
Sem poder admirar em teu rosto este belo sorrir,
Que encanta e descansa o coração num longo e doce porvir...
Mas claro!
Pois soam sim teus belos lábios de guerreira,
Que comovem essa minha doce e inocente cegueira,
Tornando-a mais morna, ilusória e faceira.
Doce é o meu pranto,
Mas mais doce é o meu gostar,
O que seria de mim,
Portanto,
Sem esses sonhos a cultivar?
Contudo,
Rouco é meu canto,
E mais louco é o amar,
Pois o que outrora era tanto,
Nada vale agora sem o poder do olhar.
E sigo depressa teus doces lábios a cantar assim...
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