Descerram-se meus olhos pesados
Enquanto pouso o sopro restante que inspiro
Sob os raios fugidios que agonizam.
Sobram despidos nas tumbas tristes
Os doces cânticos de outrora.
Na umidade musgo crescente
De um presente em ruínas
Revoam os pássaros do amanhã.
E à sombra de um redemoinho não ouvido
Regojizo às vezes
Sem nunca ter ido.
A embriaguês atual me assusta.
Onde estão as velhas mênades
E o baco de sorriso dilatado?
Por onde andam os velhos poentes
E a esperança de gestas mais largas?
Será o susurro do mar
Apenas o entrechocar-se das ondas?
E a praia?
Por que vive, por que espera?
A vela negra de Teseu já faz-se entrever
E do soluço do pai Egeu o largo oceano ressoa.
Mira o nascer do sol - tem teus olhos?
Tem a marca de teus dentes
A mordida dos efêmeros momentos?
Prefiro ecoar na pele
A cicatriz de uma brasa eterna
Do que estampar no rosto
A dor estreita de uma verdade ausente.
Conquista-me a graça,
A esperança de um corpo inseguro,
Tateante,
Mas ardente,
Do que,
Sendo sabido,
Não saber que ignora e sente.
Prefiro o ar pálido da manhã
Pois que apenas descongela
As lágrimas que em mim outrora se calaram.
De todos os modos que entristeço
Apenas a incompreensão é tão amarga.
Ouso silenciar-me diante da inocência alheia
Pois dói vertê-la em impureza:
Algo em mim permanece criança
Enquanto o sol esparrama seus raios
Encobrindo de luz
A essencial escuridão.
--Pela ausência já pressentida do meu amor...
1 comment:
Grande Marcelo "Skywalker" ...
O link que requisitou já está atualizado. Espero que agora possa baixá-lo sem maiores preocupações.
Agradeço às mesuras quanto ao nosso blog. O seu é, com efeito, apoteótico. Muito bom. Parabéns pela finesse e alta qualidade.
Bem... eis aqui o link: http://violaoerudito.blogspot.com/2006/08/julin-bream.html
Abraços ao virtual amigo.
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